segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Mulher madura


O amadurecimento da mulher que se encontra hoje na minha idade deu-se a duras penas. Venceu preconceitos diversos. Inaugurou a minissaia e diversas reformas ortográficas (rs); brigou com os soutiens, queimando-os simbolicamente em praças públicas, mas depois assumiu a sensualidade que impõe e fez as pazes com a bela lingerie; descobriu que a pureza dos sentimentos não se encontra no himeneu; experimentou o gosto livre de tomar anticoncepcionais à vista de todos (e o quanto foi dura esta vitória!); escolheu o amor ou a estabilidade financeira, mas o fez por desejo próprio; saíu de casa para trabalhar e consciente da sua atitude dividiu responsabilidades com os companheiros...

Ah! Neste momento, tantos foram os abusos, através das jornadas sem limite de trabalho, dos salários mais baixos associados aos assédios sexual e moral. Mal interpretadas suas atitudes e até mesmo seus sorrisos! A beleza física vilipendiada e ao mesmo tempo exigida como requisito imprescindível aos empregos dirigidos por indivíduos suspeitos, por muito tempo trafegou pelas sendas desumanas do pensamento, ao ser compreendida como falta de inteligência e/ou símbolo da leviandade. Não houvesse a exibir no corpo uma beleza mínima, dotes sexuais faziam-se necessários para equilibrar o favor da admissão.

Entre tantos abusos, mais uma vez empunhou a mulher o sabre da coragem e desafiou as circunstâncias. Feia ou bela, desdobrou-se ao poder da própria inteligência para ganhar respeito no âmbito familiar, social e consequentemente no mercado de trabalho. A delinear caminhos individuais evidenciou sua autonomia – hoje protegida pelas leis nacionais - quando descobriu-se sujeito de direitos, entre estes, o direito de dizer não e o direito de dizer sim.

A luta continua, mas, com o apoio de homens sensíveis, amadurecemos dia a dia.... e vencemos as dificuldades uma a uma.


Rio de Janeiro, 12 de setembro de 2010 - 14h45.
Sílvia Mota a Poeta e Escritora do Amor e da Paz.

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