Ledo engano afirmar que de uma hora para outra a Natureza rebelou-se contra o Planeta Terra. Ao contrário, há tempos é torturada, dia a dia, indiscriminada e insistentemente. Sem tréguas. Tudo em decorrência dos poderes dominantes e da ávida ganância exarada pelos próprios filhos que gerou.
Respiramos ar puro, alimentamo-nos e matamos nossa sede, em decorrência da natural dádiva. Mas, insaciáveis e sádicos, não lhe estendemos a mão em socorro, quando a exaurimos. Filhos ingratos. Aos apelos medrosos das árvores que tombavam, lacramos os ouvidos. Frente ao silêncio triste dos rios transformados em fios d'água contaminados, calamos a voz. Cegamos os olhos, para não assistir as dores mortais dos animais abatidos cruelmente, entre Terra e Céu, num Inferno desesperador cuspido através das armas dos inconsequentes ou ateado pelas mãos dos gananciosos. Nenhum sinal percebemos - intencionalmente. Omissos, todos.
Sinto-me responsável. Nunca me coloquei tão perto das tragédias naturais como neste ano, tanto no Brasil como no Mundo. O ser humano tanto fez, tanto fez, que a Espada de Dâmocles encontra-se em vias de decepar-nos as cabeças. E, agora, onde os covardes? Quem possuirá energia suficiente para estancar a força da Natureza, que - mais sábia do que nós - per si luta e solta seus urros, gemidos e grunhidos em busca da própria sobrevivência? - O que não soubemos fazer, talvez, em razão da nossa decantada e humana racionalidade.
Rio de Janeiro, 17 de março de 2011 - 1h20
Sílvia Mota a Poeta e Escritora do Amor e da Paz
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