A intolerância é um fenômeno social que se manifesta em vários períodos da história. Através do tempo e do espaço, apresenta-se na esfera das relações humanas que se fundamentam em sentimentos e crenças religiosas. Nesse contexto se auto justifica em nome do ser divino superior e assume o status de uma guerra através da qual deuses assumem a forma humana e se odeiam e não se toleram.
A intolerância religiosa admitiu
que países inteiros se incendiassem e matassem em nome das crenças opositoras.
A diferença das crenças religiosas, então inadmissíveis, transformava pessoas
próximas em inimigos extremados e irmãos de sangue em estranhos um ao outro.
José Saramago cognominou este ódio mútuo alimentado a partir de valores
religiosos como “O Fator Deus”, porque o engenho do ser humano atuou de forma
criminosa e absurda, ao matar em nome de Deus.
Na Era Contemporânea, a
intolerância conduz e produz intensos conflitos de diversas ordens: deflagra
guerras, truculências, genocídios e extermínios de populações inteiras.
Inerente a todo fenômeno político-social – apresenta-se sob o formato de
ideologia, doutrina, movimento social, partido ou governo – que constrói sua
identidade com fulcro na rejeição do Outro, renegado e excluído por ser
diferente ou por não atender a determinados parâmetros sociais considerados
ideais. Quando em pauta movimentos políticos que se fundamentam no discurso da
edificação nacional, a intolerância se volta contra os grupos que não se
adequam ao ideal de nação esperado ou são percebidos como “ameaça” à identidade
nacional que se pretende construir ou àquela cristalizada no imaginário
coletivo.
Definir o alcance do vocábulo
intolerância é tarefa árdua, mas necessária, porque se constitui no primeiro
passo para a introdução das questões pertinentes. Opto por compreendê-la, nos
dias atuais, como a expressão de uma vontade de garantir a coesão daquilo que é
considerado como que saído de si, idêntico a si e que destrói tudo o que se
contrapõe a essa evidência incondicional. Jamais será um mero imprevisto de
percurso, porque existe uma lógica da intolerância - convém aos interesses que
se ajuízam ameaçados. Portanto, exercida por um indivíduo ou por grupos
sociais, a intolerância é uma espécie de reação protetiva que se ergue contra
tudo o que vem de fora e que, por suposição arbitrária, ameace a inteireza de
um indivíduo, de um grupo ou de uma nação. Em decorrência, exara atos e ações
efetivas e eficazes contra o “inimigo”, que se apresentam sob a vestimenta da
discriminação, da segregação e, se considerado um estágio limite, do extermínio
físico do Outro.
O tempo trafega pari passu à
evolução do pensamento humano. Ambos não retornam ao ponto original. Não
obstante, quanto mais aumenta o poder do ser humano em relação às coisas
naturais, mais se desenvolvem as intolerâncias de uns contra os outros. Quando deveria
ser o contrário.
Sílvia Mota a Poeta e Escritora
do Amor e da Paz
Rio de Janeiro, 2 de março de
2012 – 20h06
Nenhum comentário:
Postar um comentário